Guerra Contra o Tráfico: 125 pessoas mortas!

Armas apreendidas no complexo da penha - Portal nortão

Enquanto operações bélicas tomam as comunidades, analistas apontam o dedo para a inação do Governo Federal em desarticular as finanças e o fluxo de armas do crime organizado.

O crime organizado, com suas cadeias de comando e lucrativas operações de tráfico de drogas, armas e contrabando, é um problema de dimensão nacional e transfronteiriça. No entanto, o Rio de Janeiro é deixado, repetidamente, para lidar com as consequências dessa rede quase sozinho.

Especialistas em segurança pública são unânimes: o crime é federal, mas a resposta é, tragicamente, estadual.

Armas sendo apresentadas após apreensão no Complexo da Penha na cidade do Rio De Janeiro-RJ

A responsabilidade primária pela fiscalização de fronteiras, pelo controle do fluxo internacional de armas e pela investigação da lavagem de dinheiro que financia as facções é da União. A inação ou a descoordenação nessas áreas cria um funil que deságua nas favelas cariocas, municiando o poder de fogo dos criminosos e transformando a Polícia Militar em uma linha de frente vulnerável.

Ponto Crítico: Recentemente, o Governo Federal sancionou leis que endurecem o combate ao crime organizado e criou um “Escritório Emergencial” no Rio. Contudo, a crítica reside na lentidão e na falta de um plano estratégico de longo prazo que foque em cortar a fonte de renda do crime, em vez de apenas reprimir seus soldados na ponta. O dinheiro que compra o armamento pesado e corrompe instituições não está nos becos, e sim em cadeias financeiras que a Polícia Civil e Militar, por competência, têm dificuldade em desmantelar sozinhas.

O resultado é uma política de segurança cíclica e ineficaz: repressão intensa gera reação, que resulta em mais mortes (civis e militares), culminando em um ciclo vicioso que não muda a estrutura de poder das facções.

Conflito no Complexo da Penha

O recente confronto nos complexos da Penha entrou para a história como um dos episódios mais letais da segurança pública no Rio de Janeiro. Com um saldo trágico de mais de 120 mortos (entre suspeitos e Agentes da Segurança Publica), a operação não apenas chocou o país, mas também colocou em xeque a eficácia do modelo de segurança pública adotado.

A intensa troca de tiros, que mobilizou um vasto aparato militar, serviu, mais uma vez, para escancarar o abismo entre o poder de fogo das facções e a capacidade do Estado de desarticulá-las sem causar um desastre social e humanitário.

O alto número de vítimas em um único evento levanta uma questão crucial: Qual o papel do Governo Federal para evitar que áreas urbanas se transformem em zonas de guerra?



A análise da operação na Penha reforça uma conclusão recorrente: as Polícias Estaduais, sem o devido apoio estratégico da União, estão presas em um ciclo vicioso de combate direto e de alto custo humano.

Corpos estirados no complexo da penha - Portal nortão

O crime organizado é uma entidade que se sustenta na logística (armas e drogas via fronteira) e nas finanças (lavagem de dinheiro e corrupção). Ambas são esferas primárias de atuação da Polícia Federal, Receita Federal e outros órgãos de inteligência da União.

O foco na tática de confrontos armados, em vez da Inteligência para prisão de lideranças e corte de fluxo financeiro, apenas perpetua a violência e coloca a população do Complexo em risco extremo. Moradores relatam horror e interrupção de serviços básicos, reforçando a sensação de abandono estatal.

O maior fracasso reside na ausência de uma Política Nacional de Segurança Pública robusta e contínua. Sem investimentos maciços em controle de fronteiras e sem uma agressiva asfixia financeira às facções, qualquer operação no Rio de Janeiro ou em outro estado onde as facções formam um estado paralelo se torna um “enxuga-gelo” dispendioso em vidas e recursos. Além disso, é preciso que haja leis mais combativas contra o tráfico de drogas, que as facções criminosas sejam consideradas organizações terroristas, que as leis anti drogas sejam mais duras e, quem sabe, pensar em prisão perpetua, ou até mesmo pena de morte para os crimes referente ao tráfico de drogas, como o modelo de El Salvador.

O episódio da Penha serve como um ultimato: não há solução para o crime organizado no Rio de Janeiro e no Brasil enquanto o Governo Federal tratar a crise como um problema meramente local ou de repressão. A única saída sustentável é através da Inteligência, da coordenação interfederativa e da intervenção social e econômica nas comunidades.

A inação estratégica da União é uma conivência tácita com o ciclo de violência. O sangue derramado exige uma resposta que não seja apenas mais tiros, mas sim planejamento e justiça.

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