HUMAITÁ (SUL DO AM) – A Polícia Civil deste município, a 50 quilômetros da Capital Manaus, durante a “Operação Terra Prometida” prendeu oito pessoas que integravam uma quadrilha especializada em invadir e comercializar terras da União no sul do Estado amazonense havia quase cinco anos.
A ação policial – que desarticulou o bando no sul do município de Canutama – foi comandada em conjunto pela Delegacia Interativa de Polícia (DIP-Humaitá), Polícia Militar (PM-AM), Corpo de Bombeiros Militar (CBM-AM) e o Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC-AM) sob a “Operação Terra Prometida”.
O objetivo da operação, segundo o delegado titular da DPI no município de Humaitá, Torquato Mozer, “foi desencadeada com o intuito de combater e elucidar os crimes de homicídios, crimes contra o sistema de armas e ambientais ocorridos na nesta parte do Estado. Na ocasião, foram presos diversos indivíduos.
“Tínhamos a informação que um grupo criminoso atuava cooptando pessoas de outros estados para ocuparem terras de moradores que já estavam no projeto de assentamento”
afirmou o delegado Torquato Mozer.
Ele revelou, ainda, que, “a operação foi deflagrada, simultaneamente, no estado de Rondônia com o objetivo de cumprir ordens judiciais contra alguns alvos”.
Em linhas gerais, o grupo criminoso se apoderava das terras ilegalmente e ameaçava os antigos moradores do assentamento, cobrando uma taxa para que eles pudessem permanecer no local onde já habitavam antes da chegada do bando ao município de Humaitá.
O delegado informou, ainda, que, “quando os ocupantes não conseguiam arcar com os custos, os indivíduos retomavam a terra e passavam adiante para outras pessoas”. Dentro da área, também, “a venda era proibida para que o grupo não autorizasse”.
Historicamente, o sul do Estado do Amazonas a partir da década de 90 passou a ser invadido por grupos criminosos advindos dos vizinhos Rondônia, Acre e Mato Grosso. Moradores antigos (principalmente do Sul de Lábrea, Canutama, Humaitá, Apuí e Manicoré) perderam suas propriedades com a chegada de “falsos colonos” acreanos, norte-Matogrossenses, sulistas e sudestinos cujos crimes, em parte, continuam impunes , afirma o ativista social amazonense, Francisco das Chagas, 67.
“Do século passado a 2023, quase uma centena de caboclos amazonenses (indígenas, extrativistas e ribeirinhos amazonenses foram mortos ou tiveram suas propriedades incendidas e roubadas, como forma de pressão para que vendessem suas terras, por pouco ou quase nada a invasores”, assinalou a fonte.
RESCALDO – Falando do sucesso da “Operação Terra Prometida”, após as diligências, o delegado citou que com três dos oitos presos, foram encontradas três espingardas de calibre 12, 28 e 36; 15 munições, sendo 12 deflagrada e 28 intactas, motivo pelo qual eles foram autuados em flagrante. Cinco deles foram presos em cumprimento de mandados de prisão .
Ao se pronunciar sobre os resultados da “Operação Terra Prometida”, o comandante da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (ROCAM), Major da Polícia Militar amazonense, Jackson Ribeiro, atestou que as investigações foram realizadas pela Polícia Civil, fato que “culminou na ação incisiva que envolvia indivíduos de alta periculosidade, com a questão de invasão de terra”.
ANTES, SSP-AM FOI ACIONADA – Relatos de 2019-22 sob autoria de entidades de classe com aval de lideranças indígenas, extrativistas e assentados do INCRA já atestavam o avanço de crimes de invasão de terras públicas nos municípios do Sul do Estado e da União. As denúncias continham, ainda, informações e documentos sobre a existência de um suposto consórcio integrado por milícia privada atuando em áreas já invadidas no sul de Canutama, Lábrea, Humaitá, Apuí e Manicoré (Km 180).
Em 2022, segundo fontes que estiveram próximas do general Carlos Alberto Mansur, Ex-titular da Secretaria da Segurança Pública (SSP-AM), teriam sido deslocadas aos municípios do Estado. Na divisa de Humaitá, Canutama e Lábrea, possíveis agentes do Serviço de Inteligência do Estado com informes à mão, teriam atuado na região e retornado à Capital.
A este portal de veiculação de notícias, parte dos signatários do documento protocolizado no gabinete do então Secretário de Estado da Segurança Pública (SSP-AM), general Carlos Alberto Mansur, revelam que “entregamos exposição de motivos contendo histórico de invasões, assassinatos de defensores da floresta e assentados do INCRA ao longo da BR-230 (Transamazônica) e BR-319”, arrematou Francisco das Chagas.
Escrita por: XICO NERY é Produtor Executivo de Rádio, Jornal, Televisão e Repórter Fotográfico. Trabalhou em A Notícia, Diário do Amazonas, Jornal O Povo do Amazonas, Rede Amazônica de Rádio e Televisão, Agência Amazônia de Notícias (DF), em agências da Amazônia e países da SUDAMERICA.