O Norte do Brasil foi classificado como a região com as piores condições de ar do País. Os dados são do “Painel Vigiar”, iniciativa do Ministério da Saúde em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) que monitora a poluição atmosférica e sua relação com a saúde humana.
Segundo a ferramenta, a média anual de material particulado fino da região chega a 15,1 microgramas por metro cúbico (µg/m³). A quantidade se refere ao triplo do limite desejável de 5 µg/m³, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os Estados de Rondônia, Amazonas e Acre encontram-se nas três primeiras posições no ranking de pior média, com 17,9, 17,2 e 16,0, respectivamente. Logo em seguida, estão posicionados Pará, Roraima, Tocantins e Amapá.
O material particulado fino (MP2,5) são partículas no ar que possuem um tamanho muito pequeno, menor que 2,5 micrômetros, e são emitidas na atmosfera principalmente através de escapamentos de veículos e grandes indústrias, além de queimadas nas florestas.
Por conta de seu tamanho microscópico, as partículas MP2,5 conseguem ser inaladas facilmente e de forma profunda diretamente para os pulmões. Ao entrar na corrente sanguínea, podem causar doenças respiratórias, problemas cardíacos e até mesmo câncer.
De acordo com a última atualização do banco de dados, todas as regiões do Brasil respiram níveis insalubres de material particulado fino, em quantidades extremamente acima do recomendado, o que pode causar impactos cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórios.
Queimadas
O especialista em sensoriamento remoto da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Guilherme Mataveli, falou à Agência Brasil sobre a relação entre a qualidade do ar e os incêndios florestais.
Segundo o profissional, a cidade de Manaus é uma das mais afetadas pelas queimadas nas florestas da Amazônia, principalmente quando se tratam de árvores mais antigas, chamadas de “maduras”, que possuem maior potencial de estoque de carbono.
“Além da gravidade dos incêndios em áreas de florestas maduras contribuírem para o aumento do impacto das mudanças climáticas, há o prejuízo para as populações locais. Manaus é um desses casos, que foi a segunda cidade com a pior qualidade do ar no mundo em outubro do ano passado”, explicou.