Manaus ocupa a terceira posição entre as capitais brasileiras com o maior número de homicídios. O indicador é do Atlas da Violência, publicado nesta terça-feira (17), reúne dados de 2022 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A capital amazonense registrou 1.130 homicídios em 2022, uma taxa alarmante de 55,7 homicídios por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Macapá e Salvador e superando Fortaleza em comparação ao levantamento anterior.
Ainda de acordo com o estudo, do período de 2012 a 2022, Manaus figura na quarta posição como a capital com o maior número de homicídios. Desta década, o ano de 2020 apresentou o menor índice, reflexo do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19.
Manaus também é a quarta capital com 50% dos homicídios estimados em percentual e taxa de homicídios estimados por 100 mil habitantes com 1.149 homicídios. Além de ocupar a 23ª posição entre todos municípios brasileiros.
Violência no Amazonas
Pela primeira vez na série histórica, o estado do Amazonas lidera a taxa de homicídios na região Norte, com 43,5 mortes por 100 mil habitantes, tornando-se o segundo estado mais violento do Brasil.
Municípios como Iranduba (98,1 da taxa de homicídio por 100 mil habitantes), Coari (83,6 da taxa de homicídio por 100 mil habitantes) e Tabatinga (95,9 da taxa de homicídio por 100 mil habitantes) registram índices significativamente elevados de homicídios, conforme apontado pelo Atlas da Violência.
Tráfico de drogas e disputas criminosas
A escalada da violência no Amazonas está intimamente ligada à sua localização estratégica na rota do tráfico de drogas. O Rio Solimões, fundamental para o escoamento de entorpecentes produzidos no Peru e na Bolívia, torna-se palco de disputas ferozes entre facções criminosas locais e internacionais.
Municípios como Coari, Tefé e Itacoatiara são alvos preferenciais devido à capacidade de receber navios com destino ao exterior. Manaus, com sua infraestrutura portuária e aeroportuária, é um importante entreposto nesse comércio ilegal.
A capital amazonense também é marcada pela intensa disputa territorial entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV), Família do Norte (FDN), Cartel do Norte e, em menor escala, o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo o levantamento, essas organizações não se restringem ao narcotráfico; envolvem-se em tráfico de armas, grilagem de terras, exploração ilegal de madeira e minérios, lavagem de dinheiro, trabalho análogo à escravidão, exploração sexual, invasão de terras indígenas e diversos crimes ambientais.