O juiz Lincoln Viguini, da Justiça Federal do Amazonas, aceitou, no dia 10 deste mês, uma denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra sete homens suspeitos de participar da ocultação dos cadáveres do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips, que foram assassinados na região do Vale do Javari, em Atalaia do Norte, no extremo oeste do Amazonas, em junho de 2022.
A denúncia aponta que o grupo atuou para destruir e ocultar os corpos de Dom e Bruno após eles serem assassinados por Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”; Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos”; e Jefferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”. O trio responde pelo crime de homicídio em outro processo.
Os cadáveres de Bruno e Dom foram encontrados pelos agentes dez dias após o desaparecimento. A população de Atalaia do Norte também ajudou nas buscas, mas os corpos só foram localizados após Pelado confessar o crime e indicar o local exato que eles enterraram os corpos. Foi em uma área de mata, que a PF descreveu como de “dificílimo acesso”, a 3,1 quilômetros do local do crime.
Cinco deles são suspeitos de atuarem diretamente na ocultação dos corpos. São eles:
- Eliclei Costa de Oliveira, o “Sirinha”, irmão de Amarildo da Costa de Oliveira (acusado das mortes);
- Amarílio de Freitas Oliveira, o “Dedei”, filho de Amarildo;
- Otávio da Costa de Oliveira, “Guerão”, irmão de Amarildo;
- Edivaldo da Costa De Oliveira; irmão de Amarildo;
- Francisco Conceição de Freita, o “Seu Chico”
Os cinco também são acusados de corromper um sobrinho de Amarildo, identificado como Edson Leopoldo do Nascimento, que é menor de idade e que atuou na queima e ocultação dos corpos. Amarildo e Jefferson também se tornaram réus pelo crime de ocultação de cadáver.
Em janeiro de 2023, o delegado Eduardo Fontes, da Polícia Federal, afirmou que a arma usada nos assassinatos foi fornecida por Edivaldo. “Ele não estava nas embarcações, mas ele entregou a espingarda calibre 16 nas mãos do Jefferson ciente de que ele a utilizaria no assassinato do Bruno. Ele forneceu a arma de fogo que foi utilizada no crime”, disse o delegado Eduardo Fontes.
De acordo com a denúncia do MPF, o grupo, “com vontade livre e consciente e em unidade de desígnios, destruíram e ocultaram os cadáveres das vítimas”.
A ação penal é a terceira originada das investigações das mortes de Bruno e Dom. No processo principal, figuram como réus pelos dois homicídios Amarildo; Oseney e Jefferson. Em outubro de 2023, a Justiça Federal decidiu que eles serão julgados pelo Tribunal do Júri, formado por cidadãos comuns.
O segundo processo versa sobre organização criminosa que atuava na pesca ilegal na região do Vale do Javari. Segundo a PF, o grupo era liderado por Rubens Villar Coelho, o Colômbia, que foi preso ao se apresentar voluntariamente na delegacia para prestar esclarecimentos sobre informações que o associavam às mortes de Bruno e Dom. Ele apresentou documento falso.
Nesse segundo processo foram denunciados, além de Rubens Coelho, Amarildo da Costa de Oliveira, Otavio da Costa de Oliveira, Eliclei Costa de Oliveira, Amarildo de Freitas Oliveira, Laurimar Lopes Alves, Jânio Freitas de Souza, Manoel Raimundo Correia, Francisco Lima Correia e Paulo Ribeiro dos Santos.