O Rio Negro atingiu 13,73 metros de profundidade na orla de Manaus neste fim de semana na última medição feita pela administração do Porto de Manaus. Essa é a 4ª menor cota da série histórica, iniciada em 1902, atrás das marcas de 13,64m em 1963; de 13,63m em 2010; e 12,7m em 2023.
Com descidas médias diárias de 19 cm, o rio pode registrar, na próxima semana, a mínima recorde na capital amazonense, conforme projeções do SGB (Serviço Geológico do Brasil).
“As descidas estão muito acentuadas em Manaus e, se continuar com essa média de descida de 19 cm por dia, em uma semana poderemos ultrapassar a marca histórica – que é de 12,7m registrada em 2023 – e, em meados de outubro, o Rio Negro pode ficar abaixo dos 11m”, alertou o pesquisador em geociências Artur Matos, coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico do SGB.
Segundo Matos, o Negro pode permanecer por mais dois meses abaixo da cota de 16 m em Manaus, considerando o que foi observado no ano passado e que se assemelha ao cenário atual.
O SGO registra que na maior parte da Bacia do Amazonas, os rios estão abaixo da faixa da normalidade para o período e, em algumas delas, as cotas chegaram aos níveis mais baixos da história.
Nesta sexta foi registrada a mínima histórica de 37cm no Rio Solimões, em Itapéua (AM); de 7,38m no Solimões, em Fonte Boa (AM); e de 4m no Rio Purus, em Beruri (AM).
O Rio Solimões, em Manacapuru (AM), pode também registrar a mínima histórica nos próximos dias. A cota atual é de 3,47m – a 2ª menor da história, atrás da marca de 3,11m em 2023.
O valor da cota abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa.
Estiagem
As projeções apresentadas indicam que a tendência é de que os níveis continuem a cair. “As chuvas abaixo da média em setembro devem se refletir nos níveis dos rios em outubro e vamos continuar a verificar cotas mais baixas ao longo do próximo mês”, acrescentou Matos.
Nos rios Madeira e Tabatinga, as cotas devem ter pequena elevação, influenciada por chuvas nas regiões de cabeceiras. No entanto, o volume previsto não é suficiente para uma recuperação. Após os repiques, as cotas devem voltar a cair.
Confira as estações da Bacia do Rio Amazonas que já registram as mínimas históricas neste ano:
Rio Solimões
Tabatinga (AM): -2,06m
Fonte Boa (AM): 7,38m;
Itapeuá (AM): 37cm;
Rio Acre
Rio Branco (AC): 1,23m
Rio Purus
Beruri (AM): 4m
Rio Madeira
Porto Velho (RO): 25cm
Humaitá (AM): 8,07m
Rio Tapajós
Itaituba (PA): 85cm