Babá agredida por esposa de policial diz que vive trauma e se recupera à base de calmante: ‘não merecia passar por isso’

Trabalhadora contou ao g1 que tem vivido momentos difíceis, tentando entender a violência que sofreu e buscando forças para superar.

A babá agredida pela esposa de um policial durante uma briga, em Manaus, disse que está tentando se recuperar do trauma vivido e toma medicamentos para a dor, anti-inflamatórios e até calmantes. O caso aconteceu na sexta-feira (18) em um condomínio da Zona Oeste da capital. Na ocasião, o patrão da mulher levou um tiro ao tentar defender a empregada.

A mulher, que tem 40 anos, veio para a capital amazonense há de um ano e cinco meses para trabalhar como babá e ajudar a compor a renda da família, que vive em uma comunidade rural próxima a cidade. Com um quadro de múltiplas hematomas, a vítima segue com medo até de voltar ao trabalho.

“Sempre me dei bem em todos os lugares por onde passo. Lá no condomínio não era diferente, eu entrava, fazia o meu serviço e ia embora. Até agora não entendi o que aconteceu. Minha família está assustada, eu estou assustada”, disse.

Ao g1, a babá disse que saía do trabalho com uma colega, quando sentiu ser empurrada. Ao se virar, viu uma mulher partindo para cima dela, enquanto um homem a incentivava. Assustada, percebeu que os agressores se tratavam de vizinhos do seu patrão.

“Eu não estava entendendo nada, tentei fugir, corri, foi quando o meu patrão veio e tirou ela de cima de mim. Ela só parou porque ele chegou. Tenho medo só de pensar o que teria acontecido se ele não estivesse lá”.

Segundo a trabalhadora, algum tempo atrás o casal de agressores pediu que o vizinho falasse com a babá. Eles alegavam que a mulher fazia comentários sobre a vida dos dois.

“Eu nunca fiz isso. Nunca tive problemas onde eu trabalhei e nem conheço eles direito. Eles disseram para o meu patrão que eu falava da vida dela e que eu impedia que eles mexessem com a criança que eu cuidava, sendo que isso não é verdade. Quando eu desço para passear com a criança, sempre as pessoas passam e brincam, e eu acho isso normal. Não faz sentido essas acusações”, falou.

Depois das agressões, a mulher se preocupou em como contar para a família. No condomínio, a polícia foi acionada e ao chegar no local despertou a atenção de outros moradores e de quem passava pelo local, como uma das filhas dela, que coincidentemente passava pelo local no momento.

“Eu não queria contar para a minha família, porque não sabia como fazer. E nisso, uma das minhas filhas que mora aqui em Manaus passou pelo condomínio para ir ao supermercado. Ela viu a movimentação e, como eu trabalhava lá, me ligou para perguntar o que tinha acontecido. Foi quando eu falei que tinha acontecido algo comigo”.

Desde então, a trabalhadora tem passado por momentos difíceis, tentando entender a violência que sofreu e buscando forças para superar. Além disso, está com múltiplos hematomas, o que lhe faz tomar diversos remédios ao longo do dia para poder suportar a dor.

Atrelado a isso, ela pede que a justiça seja feita e que os agressões paguem pelo que fizeram com ela e com o patrão, que foi baleado tentando defendê-la.

“A única coisa que eu oro pedindo a Deus, todos os dias, é que seja feita justiça. Nunca fiz mal para ninguém. Sou agricultora, já trabalhei como vendedora e por onde eu passei sempre tentei ajudar as pessoas. Eu gosto de ajudar as pessoas. Não merecia passar por isso”, finalizou.

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