DISTRITO DE AUXILIADORA PEDE SOCORRO PARA NÃO SER VARRIDO DO MAPA

AUXILIADORA, HUMAITÁ, (AM) – Dona de uma das maiores festas que homenageiam santos católicos do interior, o distrito de Auxiliadora, a cerca de 192 quilômetros da sede do município, ainda se encontra com a parte maior de sua infraestrutura em condições precárias desde o século passado.

“Sai governo, entra governo, e a situação continua a mesma e daqui pra pior”,    se queixam moradores que se deslocam da região por embarcações (recreios) para buscar melhor atendimento médico e previdenciário na vizinha cidade de Manicoré. A maioria,  alegadamente, denuncia a ausência desses  serviços  e pessoal qualificado mantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no lado humaitaense.

– Entre bancar festas durante o período pré e eleitoral, o poder público deveria priorizar investimentos na saúde, educação básica, agricultura, transporte, energia, saneamento, estradas vicinais, agroindústria, telecomunicações e em programas de geração de emprego e renda, acrescentaram fontes.

Além dos problemas básicos vivenciados, há décadas, por cerca de oito mil habitantes deste Distrito e entorno lacustre, a população enfrenta ainda dificuldade de locomoção à sede do município. “O nosso calcanhar de Aquiles continua sendo o transporte   que garanta 24 horas o translado de pacientes e a outros que demandam atendimento rápido”, segundo apontaram.

Apesar de Auxiliadora ter crescido na questão física e populacional, cerca de 42 comunidades que integram este Distrito localizado à margem direita do rio Madeira, ainda está longe de se tornar  “o melhor lugar para o humaitaense viver e morar”, aponta professor de escola local. Segundo dados extraoficiais,  “esse  crescimento é atribuído a emendas destinadas por deputados e senadores”.

Situação não semelhante ocorreria no setor de educação básica. Escolas são pintadas, sofreriam pequenos reparos, e não ofereceriam condições ideais de funcionamento de acordo com regras estabelecidas pelo ministério da Educação, organismos nacionais e internacionais. A infraestrutura precária das escolas continua a interferir no desempenho de alunos, professores e servidores.  

Interlocutores do corpo docente e de grupos de pais e alunos são unânimes em informarem que, “ainda não houve melhoria 100% na merenda, transporte, água potável nem na questão salarial dos professores”. No contraponto a anúncios oficiais de melhorias, apontaram a negativa histórica polêmica da distribuição do recursos do Fundo de Manutenção (FUNDEB) e o não rateio conjunto desse fundo e dos antigos precatórios do FUNDEF.

Sobre o assunto, professores e servidores da educação básica em Auxiliadora admitiram, no entanto, “estamos, cada vez mais, de nos tornarmos agradecidos ao poder público face o que não fazem pelo fortalecimento da educação, trabalhadores e servidores”. Um deles foi além e afirmou que,  “as lutas pela progressão e o rateio pleno dos recursos do FUNDEB são favas contadas”, porque não sairão se não houver a intervenção da Justiça.

OUTRO LADO – Em contato com pessoas não familiarizadas com o prefeito Dedei Lobo (PSC),  segundo disseram, “por quatro vezes prefeito, vereador e empresário de sucesso invejável do Damo da pesca, ele ainda não se deu conta que o Distrito de Auxiliadora é importante para o futuro desenvolvimento desta parte do município”.

Já em meio aos que transitam com desenvoltura junto á Prefeitura humaitaense, elas discordam das críticas dos oponentes ao prefeito. Segundo servidores, “muita gente ainda não se deu conta  de sua própria existência”.  A maioria das pessoas considerou essa posição normal para quem defende a manutenção do próprio emprego, afirmou mais um oponente ao prefeito de uma das comunidades mais expressivas do Vale do Rio Madeira..

Em Auxiliadora, a reportagem, também, encontrou opiniões contrárias à atuação da administração municipal diante de um volume muito grande de problemas históricos não resolvidos ao longo das últimas décadas, entre os quais, falta de drenagem e pavimentação das vias, a não ampliação da rede de iluminação pública, de água e da não construção de um muro de proteção para conter od desbarrancamento da área portuária do Distrito (veja video).

Por falta de opção à própria sobrevivência na terra natal, ora por falta de trabalho, ora por inércia da Prefeitura por não implementar políticas de desenvolvimento das comunidades locais, jovens e adultos incomodados com a situação,  estariam acelerando a migração aos municípios vizinhos com maior chance de absorver sua mão de obra.

Entre os municípios do Vale do Rio Madeira que mais absorve  mão de obra humaitaense, por oferecer melhores condições de sobrevivência fora de casa, mesmo sem registro em Carteira de Trabalho (CTPS), estão Manicoré, Borba e Autazes. Porém, Manaus e Porto Velho, este no lado rondoniense, ainda despontam como os de maior atração.

População ainda não conta com 100% de água potável, nem com pavimentação asfáltica prometida em campanhas eleitorais

De acordo com dados extraoficiais obtidos junto a ex-sercidor  do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca 70% dos jovens e adultos humaitaenses com o ensino médio e pré-universitário, “já teriam deixado Humaitá em busca de uma vida melhor em outras cidades e capitais do País”.

– A maioria é forçada a tomar, até certo ponto, uma atitude radical para fugir do desemprego e da fome em suas famílias, atestou a fonte sob segredo da identidade.  

Esse percentual não é oficial, segundo emendou-o mesmo interlocutor que revelou que, ainda assim, o número se aproxima da realidade vivida entre jovens e adultos que, se considerariam “desesperançados com a falta de oportunidade de emprego no município”.

 A fuga de profissionais com nível médio e universitário das cidades do Vale do Rio Madeira e região, de acordo com o consultor João Roberto Soares, 51, “não é expressiva apenas no município de Humaitá”. Mas, em todos os municípios da mesorregião amazonense. Segundo assinalou, “a falta de concurso público pelas prefeituras, Câmaras , Estado e pela União, contribui imensamente pera acelerar a fuga da mão de obra regional em todo o País”.    

Escrita por: XICO NERY é Produtor Executivo de Rádio, Jornal, Televisão e Repórter Fotográfico. Trabalhou em A Notícia, Diário do Amazonas, Jornal O Povo do Amazonas, Rede Amazônica de Rádio e Televisão, Agência Amazônia de Notícias (DF), em agências da Amazônia e países da SULAMERICA.

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