Mais da metade das pesquisas sobre votos no AM são custeadas pelas próprias empresas

Apenas cinco estudos foram pagos por um contratante que não seja a própria empresa realizadora da pesquisa no Amazonas.

Real Moeda brasileira

Levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) na base de dados do TSE apontou que das 943 pesquisas de intenção de voto oficialmente registradas na Justiça Eleitoral em todo o Brasil, entre 1º de janeiro e 14 de abril, 432 foram pagas com recursos próprios, ou seja, quase a metade dos levantamentos (45,85%).

“O volume que esse tipo de prática atingiu é um verdadeiro escândalo nacional”, alerta o cientista político João Francisco Meira, sócio-diretor do instituto Vox Populi e membro do conselho superior da Abep, em entrevista à Agência Brasil.

No Amazonas, 86% das pesquisas realizadas foram auto financiadas. Das 33 pesquisas registradas de janeiro a 8 de maio deste ano para captar a intenção de voto dos eleitores para prefeito da capital e de municípios do interior do Amazonas, 28 delas foram pagas com recursos próprios das empresas de pesquisa.

As 28 pesquisas foram realizadas por 10 empresas que, juntas, já desembolsaram um total de R$ 337.300,00 para a realização de 9 pesquisas na capital e outras 19 nos municípios de Alvarães, Careiro, Coari, Fonte Boa, Itamarati, Itapiranga, Juruá, Lábrea, Maués, Parintins, Presidente Figueiredo, Tefé e Uarini.

A realização de pesquisas autofinanciadas não é ilegal e está prevista em resolução baixada em fevereiro pelo TSE. Nesses casos, as empresas deverão informar valor e origem dos recursos e apresentar demonstrativo de resultado financeiro no ano anterior às eleições.

Quem mais gastou para realizar pesquisa no Amazonas?

A Pontual Pesquisa foi a que mais financiou pesquisas com recursos próprios no Amazonas este ano: R$ 131 mil. Todos os 12 levantamentos – 2 em Manaus e 10 em municípios do interior – realizados pela empresa foram autofinanciados.

Em segundo lugar aparece a DCastro Comunicação e Marketing LTDA (Direto ao Ponto), que desembolsou R$ 56.500,00 para financiar três pesquisas: duas na capital e uma no município do Careiro.

O Instituto de Pesquisa do Norte (Ipen) investiu R$ 38.800,00 de recursos próprios para financiar os levantamentos de intenção de voto para prefeito em Manaus e em Parintins.

AtlasIntel (R$35.000,00), Listening (R$25.000,00) e a LLK Consulting (R$16.000,00) também investiram recursos próprios em pesquisas para prefeito na capital amazonense.

Somam-se aos autofinanciadores de pesquisas no Amazonas, a Paraná Pesquisas, com um investimento de R$ 12 mil em Manaus, e a Eficaz Pesquisas, com R$ 9 mil para realizar dois estudos no município do Careiro e outro em Manaus.

As empresas Instituto Phoenix (R$ 4 mil) e O Primeiro Portal Pesquisa (R$ 10 mil) direcionaram seus recursos para medir a intenção de votos para prefeito de Lábrea e Presidente Figueiredo, respectivamente.

Baixo custo informado chama atenção

As pesquisas auto custeadas entre o início de janeiro e meados de abril deste ano tiveram custo menor do que os levantamentos com contratantes. De acordo com planilha elaborada pela Abep, o valor médio das pesquisas pagas por contratantes foi de R$ 9 mil, as pesquisas pagas com recursos próprios custavam 14% a menos, R$ 7,8 mil.

De acordo com a Abep, o valor médio das pesquisas autofinanciadas custaram 14% menos que estudos pagas por contratantes. Em regra, o valor da pesquisa depende da logística, determinada pela metodologia (presencial ou remota),  tamanho da amostra e volume do questionário.

No Amazonas, algumas pesquisas foram registradas a um custo de R$ 3 mil.

O único estado do Brasil em que não se verificou pesquisas autocusteadas no período foi o Amapá.

Em 2020, após a realização das eleições municipais, o MPE pediu às procuradorias regionais eleitorais que fizessem a apuração de “potenciais irregularidades” nas pesquisas pagas com recursos próprios, denunciadas pela própria Abep .

Os dados da planilha da Abep também são coletados pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), uma das partes legitimadas a fiscalizar e dar andamento às denúncias de pesquisa eleitoral irregular.

O MPE confirmou à Agência Brasil que o autofinanciamento de pesquisas por si só não constitui irregularidade se não houver outros indícios da prática de ilícitos. “A arquitetura de nossa base de dados não permite um levantamento consolidado de procedimentos sobre supostas fraudes cometidas em pesquisas autofinanciadas”, diz em nota encaminhada à redação.

Apenas cinco pesquisas não foram autofinanciadas no Amazonas

Apenas cinco estudos foram pagos por contratantes que não sejam as próprias empresas realizadoras das pesquisas. São elas:

  • Action Marketing e Pesquisas que realizou pesquisa para prefeito de Fonte Boa, no valor de R$ 17.500,00, pagos pela empresa MPS Engenharia, Serviço e Comércio;
  • EAS Consultoria Estatística, contratada para fazer estudo sobre o cenário para prefeito de Manaus, pelo valor de R$ 15 mil, pagos pela Rede Diário de Comunicação.
  • Instituto de Pesquisa do Norte (Ipen) registrou pesquisa para prefeito de Manaus, no valor de R$ 24 mil, pagos pela empresa P e J Comunicação e Marketing Ltda.
  • Perspectiva Mercado de Opinião que mediu a intenção de votos para prefeito em Parintins, no valor total de R$ 25 mil, financiado por SC Transportes Ltda;
  • Quaest Pesquisas, Consultoria e Projetos com pesquisa contratada para medir a intenção de votos para prefeito de Manaus, no valor total de R$ 102,4 mil financiado.

Confira quais pesquisas foram autofinanciadas no Amazonas

Pontual Pesquisa:

  • Itamarati – R$ 12.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Alvarães – R$ 8.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Fonte Boa – R$ 8.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Juruá – R$ 8.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Careiro – R$ 8.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Manaus – R$ 12.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Tefé – R$ 10.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Juruá – R$ 8.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Lábrea – R$ 9.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Itapiranga – R$ 8.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Manaus – R$ 15.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Uarini – R$ 9.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Coari – R$ 8.000,00 – Financiador: Recursos Próprios
  • Careiro – R$ 8.000,00 – Financiador: Recursos Próprios

Direto ao Ponto:

  • Careiro – R$ 14.500 – Financiador: Recursos Próprios
  • Manaus – R$ 22.500 – Financiador: Recursos Próprios
  • Manaus – R$ 19.500 – Financiador: Recursos Próprios

Ipen:

  • Parintins – R$ 20.000 – Financiador: Recursos Próprios
  • Manaus – R$ 18.800 – Financiador: Recursos Próprios

AtlasIntel:

  • Manaus – R$ 35.000 – Financiador: Recursos Próprios

Listening:

  • Manaus – R$ 25.000 – Financiador: Recursos Próprios

LLK Consulting

  • Manaus – R$ 16.000 – Financiador: Recursos Próprios

Paraná Pesquisas

  • Manaus – R$ 12.000 – Financiador: Recursos Próprios

Eficaz Pesquisas

  • Careiro – R$ 3.000 – Financiador: Recursos Próprios
  • Careiro – R$ 3.000 – Financiador: Recursos Próprios
  • Manaus – R$ 3.000 – Financiador: Recursos Próprios

Instituto Phoenix

  • Lábrea – R$ 4.000 – Financiador: Recursos Próprios

O Primeiro Portal Pesquisas

  • Presidente Figueiredo – R$ 10.000 – Financiador: Recursos Próprios

*Com informações da Agência Brasil

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