BERURI (AM) – Cidade do interior do Estado amazonense que desde a condição de povoado sempre foi, historicamente, ligada ao vizinho Manacapuru, a 173 quilômetros de Manaus por embarcação. Na atualidade, ainda é motivo de atraso em áreas do desenvolvimento por falta de coisas novas e atenção à população por parte do poder público.
Estudos oficiais e independentes, nesse sentido, constam em bancos de dados de agências de pesquisa do Governo e no privado. A maioria aponta para uma cidade sem saneamento e com pouca perspectiva de vida de adultos a jovens, que os obrigam a migrar em busca de dias melhores.
O município, como uma das dez unidades federativas do Amazonas mais próximas da Capital desponta no ranking das piores cidades para viver e morar na calha do Purus.
O fator negativo fica por conta da inércia do poder público em “estabelecer políticas públicas voltadas à geração de emprego, renda e oferta de oportunidades através de concurso público e programas para fixação de jovens nas comunidades”, aponta uma jovem pré-candidata prefeita, em 2024.
Entre seus pontos negativos, segundo geógrafo ouvido por este portal de notícias, “o município, até hoje, não implementou uma política de saneamento básico”, apesar da atual prefeita, “Dona Maria Lucir de Oliveira (MDB) afirmar, em Manacapuru – onde mora – “que município de Beruri possui Plano Municipal de Saneamento de Saneamento Básico”.
Sobre o assunto, o ex-técnico que vinculado à Agência Estadual do IBGE, na Amazônia, “nenhum prefeito, até agora, apresentou o referido plano e/ou se, verdadeiramente, Beruri teria Política Municipal de Saneamento Básico”.
Os gestores berurienses, desde a criação do município governado, praticamente, pelo mesmo clã político, não melhorou a posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Há quatro administrações dos Oliveira (José Domingos e Maria Lucir Oliveira) estagnou no reles indicador de 0,51.
A reportagem fez um giro rápido em três secretarias municipais (Educação, Saúde e Assistência Social), de maneira extraoficial, obteve indicadores negativos que marcam Beruri como um dos dez municípios próximos à Manaus, “com pior caracterização social, territorial e econômica do Estado”, segundo Francisca Souza da Silva, experiente assistente social, de 61 anos.
No menu de dados disponíveis de 2007 a 2023, nada consta que aponte a Prefeitura tenha inserido o Plano Municipal de Saneamento Básico, apesar de declarar que o possui. De acordo com o geógrafo consultado, “se em 2020 estivesse apresentado, dentro da data limite do marco do saneamento nacional, “o plano teria influenciado o IDHM à população para uma vida melhor”.
Na saúde, a cidade de Beruri, nas gestões do casal José Domingos e Maria Lucir de Oliveira, registraram mortes em índices expressivos de crianças, mulheres e idosos da terceira idade acometidos de resfriados, dor de barriga, crise respiratória e malária – por falta de estrutura médico-hospitalar.
Meninos e idosos indígenas e moradores da cidade, entre os anos 1996 a 2022, morreram por Doenças Relacionadas ao Saneamento Inadequado (DRSAI). Em 2020, foi registrada uma morte de causa desconhecida, segundo o DATASUS, à época.
– Essas doenças poderiam ter sido evitadas e as pessoas curadas, informam caciques que tiveram familiares recusados para tratamento, tanto no Polo Base da FUNAI quanto no hospital da cidade.
Na educação, dados de 2020, apontaram que o município possuía cerca de 48 escolas sem água potável, de acordo com o censo escolar. Nas comunidades indígenas, ao menos 30% não tem água 100% potável. O caso mais grave é registrado na Aldeia Kaxaxari, do Lago Ananá do Povo Jamamadi que teve estação de tratamento desviada, em 2022.
– Hoje, bebemos água com lama e resíduos de agrotóxico e combustíveis espalhados por invasores de nossos rios e lagos, atesta a cacique Jamamadi Destete Palmeira da Costa, 51, que levou o fato ao conhecimento da FUNAI, DSEI e ao Ministério Público Federal (MPF-AM).
A cidade apresenta deturpações irreparáveis na condução das políticas públicas de âmbito municipal, estadual e da União no tocante a saneamento, já que apresenta malha viária precária, com ruas e esgotos a céu aberto, inclusive, “com águas empossadas vazando do cemitério às vias principais da cidade” (Veja fotos).
No cômputo geral, na falta de saneamento, a cidade governada da pela prefeita “Dona Maria Lucir de Oliveira”, residente no bairro Terra Preta, na cidade de Manacapuru, Beruri, conforme dados de 2010 do IBGE, 37,76% das famílias não tinham canalização de água no domicílio. O percentual de coleta do lixo domiciliar urbana (plástico e resíduos sólidos) ou do tratamento de esgotos, não foi informado pela prefeitura.
De acordo com amostra aleatória atribuída a agentes da Defesa Civil, “esse índice mais que dobrou em função do crescimento desordenado da cidade nos últimos 17 anos”, ocasionado pelo aumento de invasões de terreno e propriedades por sobreviventes de desbarrancamentos em comunidades do beiradão do Purus.
“Na cidade, a parte maior das vítimas da tragédia da Vila do Arumã, sem aluguel social prometido pela prefeitura, vaga pelas ruas por não ter casa, revelaram integrantes da Educação Indígena local.
Patrocinada pelo senador Eduardo Braga, “Dona Maria Lucir” até o fechamento desta edição não foi encontrada no município para comentar a reportagem. Porém, fonte informou que, “a prefeita estaria preparando mini reforma, corte na folha, readequação da Comissão de Licitação, atualização de salários, pendências com o INSS, FGTS e outros encargos sob recomendação dos Tribunais de Contas e do Ministério Público”.
– Ela quer entrar 2024 sem transtornos e com todas as contas pendentes zeradas e prestá-las em tempo hábil junto ao Estado e Governo Federal (principalmente do rateio do FUNDEB, precatórios do FUNDEF, convênios e contratos com os ministérios da Saúde, Desenvolvimento Social, da Família e Cidadania), acrescentaram servidores anônimos.
Enfim, sob esse horizonte, segundo jovens e adultos ainda fora dos programas sociais do Governo Federal, Estado e do próprio município, se acham “desesperançados por falta de oportunidades para ingressar em um emprego”. Segundo um deles, “na Câmara e Prefeitura, a porta de entrada é a realização de concurso público”.
– Para nós, formandos, ao menos esse é o entrave para o acesso à vida pública, já ocupada por quem sempre indicou aliados, amigos e parentes, desabafa jovem cacique Mura.
A maioria dos jovens ouvidos por este portal de veiculação de notícias moravam em domicílios sujeitos a riscos de inundação (áreas de várzea com característica continental) passíveis de ocorrências sob o fenômeno conhecido por terras caídas ao longo da mesorregião amazonense do Purus.
Parte do grupo habitava encostas que desabaram e engoliram cerca de 40 casas da Vila do Arumã. Sobreviventes da tragédia, perambulam nas ruas de Beruri, “um município sem gestão de risco”, segundo eles.
Eles acrescentaram, no entanto, que, “nossa esperança está vinculada à mudança de governo, nas eleições de 2024”. Nessa época, “todos eles ficam bonzinhos, se dizem gratos ao apoio que recebem e dão tapinhas nas costas dos jovens e de nossos pais” – na cidade e nas aldeias mais distantes do grande centro.
– Cumprir o que prometem é que é o difícil, ironizaram candidatos que já governaram Beruri e que se mudaram para a vizinha Manacapuru, depois de eleitos.
XICO NERY é Produtor Executivo de Rádio, Jornal, Televisão e Repórter Fotográfico, trabalhou pelos jornais A Notícia, O Povo do Amazonas, Diário do Amazonas, Rede Amazônica de Rádio e Televisão, portais “ZACARIAS” (AM), NEWSRONDONIA (RO), A TRIBUNA (RO), O PARCELEIRO (RO), Diário de Macapá (AP), O Estado do AMAPÁ (AP), Jornal A GAZETA (AC), Folha do Acre, O Roraima (RR), Agência de Notícias da Amazônia (DF) e da SUDAMÉRICA.