A Operação Audácia do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) teve como alvos seis PMs, entre eles um oficial, acusados de tráfico de drogas, em Manaus. A ação foi deflagrada em vários bairros da cidade nesta sexta-feira (14), e os envolvidos já estão no Centro de Detenção da Polícia Militar após serem ouvidos em oitivas. Dois permanecem foragidos.
Os alvos da operação foram identificados como:
- sargento Clóvis Matias da Silva,
- cabo Jhoaneson Fernandes,
- sargento Ivan Cruz,
- sargento Wender Costa,
- tenente Francisco de Assis Mota da Silva,
- Fabiano Araújo Negreiros,
- cabo Joel Nunes de Souza
- sargento Elizoney Pinheiro da Silva
Eles integram o efetivo do Batalhão de Trânsito e 2ª Companhia Interativa Comunitária.
A operação teve origem em uma denúncia encaminhada ao MPAM, via disque-denúncia 181, de uma grande quantidade de drogas, sendo manuseada por policiais militares na rua Ana Nogueira, no bairro Educandos, Zona Sul de Manaus.
O caso foi no dia 7 de maio, e os policiais envolvidos levaram as drogas para uma viatura da Polícia Militar, que estava a serviço do Instituto de Ensino de Segurança Pública
As equipes receberam um boletim de ocorrência de que, naquele local, também havia ocorrido a presença de policiais na posse de grande quantidade de drogas. No 1° Distrito Integrado de Polícia, apenas um saco de drogas foi apresentado.
A Polícia Militar apura responsabilidade administrativa desses policiais, em relação à questão disciplinar. Dois ainda permanecem foragidos.
Por meio de diligências, inclusive imagens de um sistema de segurança comunitário, e cruzamento de dados, a investigação chegou aos oito PMs envolvidos no crime — sendo quatro do Batalhão de Policiamento de Trânsito e outros quatro da 2ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), entre cabos, sargentos e um tenente do quadro administrativo.
Crime foi praticado em viaturas
Titular da Proceap, o promotor de Justiça Armando Gurgel Maia afirmou, com base no material reunido, que os policiais se dirigiram àquela localidade, no dia 17 de maio, e começaram a abastecer uma viatura da Polícia Militar, que estava a serviço do Instituto de Ensino de Segurança Pública.
“Foram colocados 16 sacos brancos de fibra, com capacidade para 50 quilos, dentro desse veículo oficial e um outro saco foi colocado em uma viatura da 2º Cicom, juntamente com uma mochila vermelha. Posteriormente, apuramos que houve um registro dos policiais na 2ª Cicom de que estavam fazendo patrulhamento ostensivo naquele lugar e encontraram quatro indivíduos — um deles portando esse saco de fibra desse mesmo tipo — e eles, ao verem a viatura, empreenderam fuga”, explicou o promotor Armando Gurguel, complementando que o saco foi levado ao 1º Distrito Policial, onde o conteúdo, após perícia, foi identificado como três tabletes de maconha prensada.
Nessa mesma data, segundo o promotor Armando Gurgel, a Rota Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) recebeu um boletim de ocorrência de que, naquele local, também havia ocorrido a presença de policiais na posse de grande quantidade de drogas. Após deslocamento até o endereço, porém, não foram encontrados os policiais ou qualquer quantidade de entorpecente.
“Mas, nos becos, encontraram uma casa vazia, apenas com uma prensa hidráulica, três caixas de armas de fogo e droga (cocaína e maconha). Diante desses fatos, verificamos os vídeos e foi possível ver que não havia nenhuma situação como a descrita no primeiro boletim de ocorrência, com quatro indivíduos abandonando uma sacola. Na verdade, o que existia eram 17 sacolas com drogas, sendo 16 colocadas em uma viatura e uma em outra — sendo essa única utilizada para fazer esse falso registro como história de ‘cobertura’”, complementou.
Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidas pistolas e munições, que serão periciadas. Se forem da corporação, serão devolvidas à PM, caso contrário permanecerão sob custódia.